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Notas para uma instrução em filosofia clínica*


Quando iniciamos o curso de filosofia clínica, nos vemos diante de uma novidade ou, nas palavras de Thomas Kuhn, de um “novo paradigma”. Trata-se de uma área com um vocabulário inédito. Embora as palavras ou expressões possam soar como bem familiares, seu sentido tende a ser distinto do que obtemos no cotidiano ou do que os dicionários apontam. Não somente as palavras, mas todo o arcabouço metodológico nos abre os horizontes para novas perspectivas.

Há nisso um desafio. Pois, além de um conhecimento teórico, a filosofia clínica é principalmente o aprendizado de uma prática. Dito isto, gostaria de sugerir caminhos para a melhor compreensão desse conteúdo. Não são os únicos, há inúmeros outros. Por isso, e levando em conta nossa singularidade, a proposta deve ser assimilada de acordo com o que fizer algum sentido para cada um de vocês. Algumas ideias poderão ser descartadas, outras, parcialmente aproveitadas, e haverá ainda as que serão inteiramente utilizadas. Portanto, usem de acordo com seus critérios pessoais.

1) Construa uma tabela em que esteja presente a definição de cada um dos termos utilizados pela filosofia clínica, sobretudo as cinco Categorias, os trinta Tópicos e os trinta e dois Submodos. Acrescente à definição exemplos apresentados pelos professores e, se possível, adicione seus próprios exemplos.

2) Retome os conteúdos que você aprendeu e estabeleça relações com cada novo conteúdo apresentado. A compreensão da filosofia clínica é feita em etapas. Mas, seu conteúdo é um todo. Por isso, os elementos que a constituem são complementares. Quanto mais claro um desses elementos, mais luzes lançamos sobre seu precedente e sucessor na ordem em que forem ensinados.

3) Leve a filosofia clínica para o seu cotidiano. Procure identificar as Categorias, os Tópicos e os Submodos nos filmes, nas séries, nos livros e até nas pessoas de seu convívio. Isso pode ser feito em alguns minutos diários. A filosofia clínica é como um novo idioma no qual adquirimos fluência na medida em que conseguirmos fazer imersões.

4) Além de acompanhar todo o material disponibilizado pelo curso, busque outros conteúdos. Há muitas fontes interessantes acessíveis pela Internet. Há canais no youtube, sites, blogs, páginas em redes sociais, artigos entre outras fontes de consulta. Também há livros e revistas novos e antigos sobre o tema. Esta é outra forma de fazer as imersões.

Estas sugestões são algumas das que eu teria dado a mim mesmo se fosse começar a estudar a filosofia clínica hoje. Essa nova abordagem terapêutica é mais compreendida por quem a pratica do que por aqueles que a conhecem apenas como conteúdo para análise conceitual. Essa é, inclusive, uma das razões pela qual há tantas críticas equivocadas a ela. Portanto, aliado ao estudo teórico, busquem praticá-la. Enquanto não iniciarem os Estágios Supervisionados, pratiquem no cotidiano por meio das observações e no uso em suas próprias vidas. Esse já será um bom passo inicial.

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo
Filósofo. Escritor. Professor. Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ

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