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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Quando penso em amigos meus tão caros como Dom Quixote, o Sr. Pickwick, o Sr. Sherlock Holmes, o Dr. Watson, Huckleberry Finn, Peer Gynt... (não estou certo se tenho muito mais amigos), sinto que as pessoas que escreveram suas histórias estavam 'contando história', mas que as aventuras elaboradas eram espelhos, adjetivos ou atributos daquelas pessoas"

"Suponho que haja tantos credos, tantas religiões, quantos são os poetas"

"Lembrando as falas do pai, citando Keats: '(...) Não nasceste para a morte, Pássaro imortal!; Nenhuma geração faminta te espezinha; a voz que ouço nessa noite fugaz foi ouvida; nos dias antigos por imperador e palhaço: Talvez a mesmíssima canção que se insinuou, pelo triste coração de Rute, quando, saudoso de casa; Ela se desfazia em lágrimas entre o milharal alheio'"

"Suspeitei muitas vezes que o sentido é, na verdade, algo acrescentado ao verso. Tenho plena convicção de que sentimos a beleza de um poema antes mesmo de começarmos a pensar num sentido"

"Alfred North Whitehead escreveu que, entre as muitas falácias, há a falácia do dicionário perfeito - a falácia de pensar que, para cada percepção dos sentidos, para cada asserção, para cada ideia abstrata, pode-se encontrar um equivalente, um símbolo exato, no dicionário"

"(...) imagino que uma nação desenvolve as palavras de que necessita"

"Os homens buscaram parentesco com os derrotados troianos, e não com os vitoriosos gregos. Isso talvez porque haja uma dignidade na derrota que dificilmente faz parte da vitória"

"(...) filósofo chinês Chuan Tzu: ele sonhou que era uma borboleta e, ao acordar, não sabia se era um homem que sonhara ser uma borboleta ou uma borboleta que agora sonhava ser um homem"

"(...) gostaria de dizer que cometemos um erro bastante comum ao pensar que ignoramos algo por sermos incapazes de defini-lo"

*Jorge Luis Borges in "Esse ofício do verso". Ed. Cia das Letras. SP. 2007.

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