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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Cada época tem a sua irrealidade: seus mitos, seus fantasmas, suas quimeras, seus sonhos e uma visão ideal do ser humano que a ficção expressa com mais fidelidade que qualquer outro gênero" 

"(...) O que conserva o seu frescor e o seu encanto é tudo aquilo que Victor Hugo estilizou, embelezando ou enegrecendo, ao compasso da sua fantasia, e que, mesmo irreal, exprime uma verdade profunda: a de certos sonhos, medos ou anseios nossos que coincidem com os que ele materializou nessa soberba invenção"

"Basta um fantasma numa reunião para que todos os presentes adquiram um ar fantasmal, basta um milagre para que a realidade se torne milagrosa"

"(...) as ficções fazem o leitor viver o 'impossível', tirando-o do seu eu particular, ultrapassando os limites da sua condição, e fazendo-o compartilhar, identificado com os personagens da ilusão, uma vida mais rica, mais intensa, ou mais abjeta e violenta, ou simplesmente diferente daquela em que estão confinados nesta prisão de segurança máxima que é a vida real (...) só temos uma vida, e os nossos desejos e fantasias nos exigem ter mil"

"(...) mostrar como é precário e sujeito a erros o conhecimento que o homem pode ter de outros homens e como, por isso mesmo, seu juízo moral é insuficiente e frequentemente equivocado"

"O incompreensível - o infinito - nos rodeia, e no entanto existe"

"(...) existe algo fora do homem e de que há um vínculo, impalpável mas indestrutível, que une o homem com o Desconhecido: a oração é uma tentativa de diálogo com essa sombra, e 'qualquer pessoa que tenha rezado sabe que essa sombra ouve e responde'"

"O homem precisa de certezas. Pode encontrá-las na ciência ? Por certo que não, já que cada avanço científico mostra os erros e as lacunas em que a sociedade viveu até então (...) os limites da realidade são elásticos"

*Mario Vargas Llosa in "A tentação do impossível". Ed. Alfaguara.RJ. 2012.  

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