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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Toda ideia tem um espaço e um tempo - e alguém que ali se move inseguro"

"(...) eu diria que minha atividade artística, isto é, aquilo que criamos num impulso não solicitado pelos outros, para neles nos reconhecer, nasceu como simulacro da realidade"

"Estamos condenados à nossa experiência (...) todo desejo de reprodução (...) estará condenado ao fracasso. A evocação tem de criar o seu próprio sentido, que é um novo acontecimento (...) um evento inédito que nasce sobre as ruínas do passado (...) o ato de escrever é um evento, não uma reprodução"

"(...) para o escritor solitário, o desejo de agradar é provavelmente mais uma intuição narrativa que se mistura em graus diferentes com uma intenção pessoal"

"É provável que todo escritor trabalhe em graus diferentes de entrega, atendendo a um e outro leitor, em ondas sutis, talvez mais pelo acaso da criação que por uma suposta consciência determinante ou uma escolha objetiva"

"Toda leitura deixava essa aura milagrosa de 'transformação'; a simples ideia de literatura que começava a se formar na minha cabeça incluía um excedente existencial que fatalmente mexeria com tudo que dissesse respeito à vida"

"(...) Todos tinham algo a dizer mas ninguém tinha nada para conversar"

"(...) um dos sinais de afirmação do escritor abrindo o casulo naqueles anos verdes (...) foi passar a escrever literatura à mão (...) Como se no simples gesto da escrita manual eu suprimisse simbolicamente a distância entre as coisas e as palavras, entre o mundo e o sentido que damos a ele. Como se, radicalmente, eu me transformasse na minha escrita" 

"Continuo tentando descobrir o que leva alguém a escrever"

"(...) o escritor é, antes de tudo, um inadequado, alguém flagrado por ele mesmo em erro"

"O sentimento de inadequação parece ser o primeiro motor de quem escreve a sério"

*Cristovão Tezza in "O espírito da prosa - Uma autobiografia literária". Ed. Record. RJ. 2012. 

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