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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"A palavra poética jamais é completamente deste mundo: sempre nos leva além, a outras terras, a outros céus, a outras verdades. A poesia parece escapar à lei da gravidade da história porque sua palavra nunca é inteiramente histórica. A imagem nunca quer dizer isto ou aquilo. É antes o contrário, como se viu: a imagem diz isto e aquilo ao mesmo tempo. E até: isto é aquilo" 

"O surrealismo se propõe a fazer um mundo poético, fundar uma sociedade em que o lugar central de Deus ou da razão seja ocupado pela inspiração"

"(...) O sujeito também desaparece: o poeta se transforma em poema, lugar de encontro entre duas palavras ou duas realidades"

"O ato de escrever poemas se oferece ao nosso olhar como um nó de forças contrárias, no qual a nossa voz e a outra voz se enlaçam e se confundem. As fronteiras ficam imprecisas: nosso discurso se transforma insensivelmente em algo que não podemos dominar totalmente; e nosso eu dá lugar a um pronome inominado, que tampouco é inteiramente um tu ou um ele. Nessa ambiguidade consiste o mistério da inspiração"

"A poesia nos abre a possibilidade de ser que decorre de todo nascer; recria o homem e o faz assumir sua verdadeira condição, que não é a alternativa vida ou morte, mas uma totalidade: vida e morte num único instante de incandescência"

"A estranheza é assombro diante de uma realidade cotidiana que se revela de repente como o nunca visto"

"(...) a esquizofrenia revela semelhanças com o pensamento mágico"

"A poesia é metamorfose, mudança,operação alquímica, e por isso faz fronteira com a magia, a religião e com outras tentativas de transformar o homem e fazer 'deste' e 'daquele' o 'outro', que é ele mesmo"

"(...) ambos chegam à velhice para escrever seus melhores poemas. Sua corrida em direção à morte foi uma corrida para a juventude poética. Em todas as suas transformações, Jiménez foi fiel a si mesmo"

*Octavio Paz in "O arco e a lira". Ed. Cosac Naify. SP. 2012. 

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