Pular para o conteúdo principal

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"O artista livre cria sem receber encomenda. Parece que o que o caracteriza é a completa independência de seu trabalho criativo, o que, por isso, lhe confere, mesmo socialmente, as feições características de um excêntrico, cujas formas de vida não podem ser mensuradas de acordo com as massas que obedecem aos costumes públicos"

"O verdadeiro problema da compreensão aparece quando, no esforço de compreender um conteúdo, coloca-se a pergunta reflexiva de como o outro chegou à sua opinião. Pois é evidente que um questionamento como este anuncia uma forma de alteridade bem diferente, e significa, em último caso, a renúncia a um sentido comum"

"(...) pode-se compreender tudo sobre o que se tem interesse, somente se reconhecermos 'historicamente' o espírito do autor, isto é, superando nossos preconceitos, não pensamos noutras coisas do que nas que o autor pôde ter em mente"

"(...) compreender significa, de princípio, entender-se uns com os outros. Compreensão é, de princípio, entendimento. Assim, os homens se entendem entre si, na maioria das vezes imediatamente, isto é, vão se pondo de acordo até chegar a um entendimento. Acordo é sempre, portanto, acordo sobre algo. Compreender-se é compreender-se em algo"

"O que deve ser compreendido não é a literalidade das palavras e seu sentido objetivo, mas também a individualidade de quem fala e, consequentemente, do autor" 

"A hermenêutica abrange a arte da interpretação gramatical e psicológica. É, em última análise, um comportamento divinatório, um transferir-se para dentro da constituição completa do escritor, um conceber o 'decurso interno' da feitura da obra, uma reformulação do ato criador. A compreensão é, pois, uma re-produção referida à produção original, um reconhecer do conhecido (Boeckh), uma pós-construção, que parte do momento vivo da concepção, da decisão germinal como ponto de organização da composição"

"(...) a compreensão congenial possível de ser alcançada na relação entre o eu e o tu (...) Este é o triunfo do método filológico: conceber o espírito passado como presente, o espírito estranho como familiar"

*Hans-Georg Gadamer in "Verdade e Método - Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica". Ed. Vozes. Petrópolis/RJ. 1997.  

Comentários

Visitas