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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia"

"Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve"

"Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é sozinho (...)"

"Deus come escondido, e o diabo sai por toda parte lambendo o prato (...)"

"Deixa o mundo dar seus giros! Estou de costa guardadas, a poder de minhas rezas (...) toda saudade é uma espécie de velhice"

"(...) a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou"

"Eu me lembro das coisas antes delas acontecerem (...)"

"(...) eu me esquecia de tudo, num espairecer de contentamento, deixava de pensar. Mas sucedia uma duvidação, ranço de desgosto: eu versava aquilo em redondos e quadrados. Só que coração meu podia mais. O corpo não traslada, mas muito sabe, adivinha se não entende"

"(...) O senhor sabe ? Já tenteou sofrido o ar que é saudade ? Diz-se que tem saudade de ideia e saudade de coração (...)"

"(...) sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso (...)"

"O senhor sabe: sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado! (...)"

"Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo (...)"

"Qualquer sombrinha me refresca. Mas é só muito provisório"   

"(...) eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Divêrjo de todo o mundo (...) Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa (...) Para pensar longe, sou cão mestre - o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos (...)"

*João Guimarães Rosa in "Grande Sertão: Veredas". Ed. Nova Fronteira. RJ. 2001.

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