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Recortes Vertiginosos de um diário Pessoal*



Hortêcias e Ciprestes
emolduravam a pose do arqueiro infante...
e diante da visão do sorriso vago aberto e largo
daquele homem que plainava
sob meus olhos descrentes!

De minha onírica miopia
via aves transparentes
no arfar de mais uma primavera.

E a primasia da perda
mais forte se fazia
após a mesa posta
de entreamigos...

Surpeendida ao fim da tarde
com sua voz a ofuscar
toda e qual quer outra
imagem
escolhi um passo médio
para o encontro.

Outra queda
e de mais alto lugar... 
trafegam tristes esperanças
por vales demasiado sedimentados
e irresponsáveis sabemos bem
do amanhã que não há,
enquanto cheiramo-nos em desespero!!!

Numa urgente tentativa de carnal fusão
escândalos no botequim
ao som da queda do extintor
lábios úmidos, carmim
e uma tosca expulsão... 
à praça deserta
aplacar de aflições
em obscuro sanitário
e etílicas vãs investidas...

daí pra frente um ensaio:
arremedo de vida
que sabíamos não vingaria
mas a inconsequência
do reconhecido calor
sempre vence
a ímpia consciência ida...

Então numa outra tarde
em meio a cenas vagarosas,
fotofobia e densos ares,
sentamo-nos ao degradado
canteiro do passeio público.

E indulgentes
recostamo-nos mutuamente
descansando a exaustão
de nos saber vencidos
assim ridiculamente
de antemão!

Ouvíamos extasiados
o artista de rua
que parecia cantar
Smile de Chaplin
somente para nosso
derradeiro afago,
o qual jamais
se fez caber no mundo!

E assim nascem certos contos:
Quando apaga-se a luz
d'um amor imortal...

*Jullie Do Guati
Pesquisadora e roteirista na empresa Cine Culte Français. Agitadora e Inovadora Cultural na empresa Mova-se (Movimento Artístico de Subversão e Estética). Musicista. Poetisa. Filósofa Clínica.
Curitiba/PR.

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