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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Como se visse alguém beber água e descobrisse que tinha sede, sede profunda e velha. Talvez fosse apenas falta de vida: estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedisse inundações (...)"

"A violeta é introvertida e sua introspecção é profunda. Dizem que se esconde por modéstia. Não é. Esconde-se para poder captar o próprio segredo. Seu quase-não-perfume é glória abafada mas exige da gente que o busque. Não grita nunca o seu perfume. Violeta diz levezas que não se podem dizer"

"Corro perigo como toda pessoa que vive. E a única coisa que me espera é exatamente o inesperado"

"Quanto à música, depois de tocada para onde ela vai ?"

"(...) já lera biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida, pelo menos de vida interior"

"Toda a parte mais inatingível de minha alma e que não me pertence - é aquela que toca na minha fronteira com o que já não é eu, e à qual me dou. Toda a minha ânsia tem sido esta proximidade inultrapassável e excessivamente próxima. Sou mais aquilo que em mim não é"

"Amanhã (...) é o que vem quando se dorme"

"(...) ela indicava o nome íntimo das coisas, ela, os cavalos e alguns outros; e mais tarde as coisas seriam olhadas por esse nome"

"(...) a vida que se leva por dentro não é a vida terrena"

"(...) para nascer as coisas precisam ter vida"

*Clarice Lispector in "Clarice na cabeceira" - Org. José Castello. Ed. Rocco. RJ. 2011.

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