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Reflexões para os dias de hoje*



Valendo-me de uma interpretação em sentido lato, há uma característica que nos constitui e que Heidegger denominou de falatório.

É um traço do que o filósofo alemão chama de inautenticidade. Somos inautênticos nos momentos em que nos perdemos na coletividade. Quando o que pauta nossa existência é o que todos pensam, dizem e fazem.

O falatório ocorre quando nossa ocupação consiste em falar sobre todo e qualquer "assunto do momento" (curiosidade) levando-nos a acreditar que estamos acertando quando, na verdade, falamos tanto que até emitimos sentenças contraditórias (ambiguidade), mas só percebemos as que encontraram ressonâncias na realidade. Isto acaba nos convencendo que estamos com a posse da verdade quando não passamos de tagarelas a emitir todo tipo de opinião (doxa).

É inautêntico quem emite essas falas e quem segue esses faladores confiando-os seu próprio juízo. E isto é agravado porque a identificação a um grupo assim rompe com toda capacidade de reconhecer-se autenticamente, quando o "eu" se torna "a gente".

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo
Filósofo. Escritor. Filósofo Clínico. Livre Pensador.
Teresópolis/RJ

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