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Fragmentos Filosóficos, Delirantes


"(...) Escreve muito rápido e em demasia. Um  homem deve ter mais ambição, mais respeito por seu talento e ofício, e mais amor pela arte. Quando se é jovem, as ideias acumulam-se em nossa cabeça; mas não se deve capturar a cada uma delas enquanto bailam em nossa mente, e daí apressar-se para divulgá-la. Deve-se esperar pela síntese, pensar mais; aguardar até que os detalhes todos que formam a ideia tenham se agrupado em torno de um núcleo, em uma ampla e definida imagem; nesse momento, nunca antes, deve-se então escrevê-la (...)"

"(...) Os personagens colossais, criados pelos autores colossais, em geral nascem do trabalho demorado e persistente"

"Fico imensamente feliz por ter descoberto que trago paciência em minha alma por tanto tempo, que não desejo as coisas materiais e não preciso de nada mais que livros e a possibilidade de escrever e de estar sozinho por algumas horas todos os dias (...)"

"Escreva para mim mais vezes, e com mais detalhes, cartas mais extensas. Alongue-se nos assuntos familiares, nas bagatelas, não se esqueça disso. Isso me trará esperança e vida. Se você soubesse como suas cartas confortaram-me na prisão..."

"Mais uma vez, muito obrigado pelos livros. Eles distraem-me mais que qualquer outra coisa. Por quase cinco meses tenho vivido exclusivamente de minhas próprias provisões - ou seja, de minha própria mente e apenas dela"

"A cada dia surgem tantas novidades, tantas mudanças e impressões, coisas boas e agradáveis, outras desvantajosas e desagradáveis, que não tenho tempo para refletir sobre elas. Em primeiro lugar, estou sempre ocupado. Tenho montes de ideias e escrevo incessantemente. Mas não pense que para mim isso seja um mar de rosas. Longe disso"

"A parte mais vil dessa história (...) é que tenho essa natureza má e exageradamente apaixonada. Em tudo, entrego-me até o extremo; em toda a minha vida nunca consegui agir com moderação"

"Até breve, meu querido amigo. Perdoe-me pela incoerência desta carta. Nunca se escreve apropriadamente em uma carta. (...) Quem sabe ? Talvez eu possa estreitá-lo em meus braços novamente. Permita-nos Deus! E pelo amor de Deus, não mostre esta carta a ninguém (absolutamente ninguém). Um abraço, Seu, Dostoiévski"

*Fiodor Dostoiévski in "Correspondências - 1838/1880". Ed. 8Inverso. Porto Alegre/RS. 2011.    

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