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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) esse desajeitamento acompanha muitas vezes o amor à solidão. Tendo tropeçado numa arca, Orlando gostava naturalmente de lugares solitários, de vastas perspectivas (...)"

"(...) As velhas suspeitas que nele trabalhavam subterrâneas, levantaram-se do seu esconderijo, abertamente"

"(...) que estranhos poderes serão esses que penetram nossos mais secretos caminhos e mudam nossos mais preciosos bens, a despeito da nossa vontade ?"

"Porque a doença de ler, uma vez tomando conta do organismo, enfraquece-o a ponto de torná-lo fácil presa desse outro flagelo que habita no tinteiro e supura na pena. O desgraçado dedica-se a escrever (...)"

"Orgulhava-se de que sempre o tivessem chamado de literato, e escarnecessem de seu amor aos livros e à solidão (...)"

"Quebrara, certa vez, o leque de Lady Winchilsea, procurando uma rima. Relembrando avidamente esses e outros exemplos de sua incapacidade para a vida social, sentiu-se possuído pela inefável esperança de que toda a turbulência da sua juventude, sua rusticidade, seus rubores, seus longos passeios e seu amor ao campo fossem a prova de que pertencia, mais do que à raça nobre, à raça sagrada (...)"

"O sentido íntimo de suas frases era que, enquanto a fama tolhe e constrange, a obscuridade envolve o homem como um nevoeiro; a obscuridade permite que o espírito siga o seu destino, desimpedido (...) Ninguém sabe aonde ele vai nem de onde vem. Pode procurar a verdade e dizê-la; só ele é livre, só ele é verdadeiro; só ele está em paz"

"(...) uma qualidade às vezes está justamente onde menos se espera"

"(...) era claro que o cigano pensava não haver mais vulgar ambição que possuir centenas de dormitórios (conversavam no alto de uma colina, era de noite, as montanhas levantavam-se em redor), quando a terra inteira é nossa"

"O ofício do poeta, (...) é portanto o mais alto de todos. Suas palavras alcançam o que para os outros é inatingível. Uma simples canção de Shakespeare tem feito mais pelos pobres e pelos malvados que todos os pregadores e filantropos do mundo"

*Virginia Woolf in "Orlando". Ed. Nova Fronteira. RJ. 1978. 

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