"Se o poeta é sempre 'algum outro', sua poesia tende a ser igualmente 'a partir de outra coisa', a encerrar visões multiformes da realidade na recriação singularíssima da palavra"
"Todo leitor da obra completa de Keats - e de suas admiráveis cartas - observará que o périplo do poeta não o levou além de si mesmo, de suas próprias crenças reiteradamente sustentadas antes e depois de escrever a Ode"
"Os poetas se compreendem de poema a poema melhor do que em seus encontros pessoais"
"Com Antonin Artaud calou na França uma palavra dilacerada que só esteve pela metade do lado dos vivos enquanto o resto, partindo de uma linguagem inalcançável, invocava e propunha uma realidade vislumbrada nas insonias de Rodez"
"Viver importa mais do que escrever, a anão ser que o escrever seja - como tão poucas vezes - um viver"
"O surrealismo propõe o reconhecimento da realidade como poética"
"Se sou poeta ou ator, não o sou para escrever ou declamar poesias, mas para vivê-las, afirma Antonin Artaud numa de suas cartas a Henri Parisot, escrita do asilo de alienados de Rodez"
"(...) o argumento de cada narrativa é também um testemunho de estranhamento, quando não uma provocação tendente a suscitá-lo no leitor"
"Muito do que tenho escrito ordena-se sob o signo da excentricidade, posto que entre viver e escrever nunca admiti uma clara diferença"
"E, contudo, os contos de Katherine Mansfield, de Tchecov, são significativos, alguma coisa estala neles enquanto os lemos, propondo-nos uma espécie de ruptura do cotidiano que vai muito além do argumento"
*Julio Cortázar in "Valise de Cronópio". Ed. Perspectiva. 2013. SP.
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