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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) em certo sentido, todos nós somos exilados, pois nos é preciso, ao longo de toda a vida, levantar âncoras, deixar portos aos quais estamos apegados para chegar em outros (...)"

"A menos que esteja congelada, enrijecida, destinada a uma repetição perpétua, a vida é movimento, deslocamento - sobretudo na época contemporânea, na qual a aceleração das mudanças colocam diante de nossos olhos um mundo constantemente remodelado, que obriga a redefinir, sem cessar, o lugar que nele ocupamos, os pontos de referência que dão sentido (...)" 

"A escrita literária é, em si mesma, em larga medida, uma tentativa de agarrar o que está perdido, faltando, ou inacabado, de superar espaços, abolir fronteiras, reunir o que está separado, reconstituir terras desaparecidas, épocas passadas"

"É uma função da cultura nos abrir ao Outro e a horizontes longínquos (...) introduzir outras paisagens, outras literaturas, outras línguas" 

"(...) O que sabem os poetas, como Juan Gelman: 'Há em todos zonas adormecidas que a obra mais inimaginável pode despertar"

"É o inesperado que confere de novo movimento à história do leitor, impedindo-o de se congelar, de se transformar em destino escrito de antemão, imutável, que pode apenas ser sofrido"

"(...) não é somente um reconhecimento de si que a literatura permite, mas uma mudança de ponto de vista, um encontro com a alteridade e talvez uma educação dos sentimentos (...)"

"Ao longo da vida, procuramos as bolas que nos são lançadas e que nos permitirão discernir melhor o que existe ao redor de nós, e mais ainda o que acontece dentro de nós e não conseguimos exprimir. Precisamos do outro para 'revelar' nossas próprias fotografias"

*Michèle Petit in "A arte de ler". Editora34. SP. 2017.

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