“Era como se o planeta estivesse doente ou condenado. Um monde maudit. Não era de admirar que os brilhantes fossem os poetas, os loucos, como Blake e Rimbaud. Não era de admirar que tudo estivesse de pernas para o ar.”
Henry
Miller (Sexteto)
Esse é talvez o
escritor que mais me faz pensar quando estou lendo outro livro, volto a pensar
em Henry Miller quase todas às vezes que algo me reporta a outro lugar. Nunca
tive nele de verdade, e minha leitura de paixão, a que mais me aproximou de
alguns lugares vieram talvez de gente como Miller. Quase nunca entreguei meu
pensar ao marasmo daquele tempo quase pós-ditadura no país. Sempre estou a
pensar em um tipo de Miller em vida.
Está faltando Miller
nesta literatura chamada Brasil, em todos os seus livros, os trópicos os sexus,
nexus e todos os plexus, tudo sem nada ser obsceno é pura literatura errante.
Autobiografia na veia. Como disse o Otto Maria Carpeaux que em Paris foi sua
liberdade, todo o período vivido lá pagou "... o preço da pobreza, miséria
e humilhações. Sua ambição foi a de dizer aquilo que os livros dos outros
omitem."
Trópico de Câncer e o
de Capricórnio me tiraram do lugar que eu vivia para nunca mais poder voltar a
mesma condição. Fiquei sem lar desde aquela época. Tempos de cursinho e
faculdade, o muro da PUCRS, as velhas discussões bem ao lado do quartel, e ali,
todos unidos, falavam ao mesmo tempo sem parar, teses e teses mais
estapafúrdias, uns viajando, outros todos sonhando.
O contrário das desilusões,
éramos poucos e muitos ao mesmo tempo capazes de inventar o tempo. Nunca me
faltou fôlego, depois na UFRGS na Filosofia, lá tinha todas as tribos, mas
entre professores, uns quase todos na maioria já conservadores. Faz parte da
vida.
O tempo nos ensina duas coisas, ou nós mudamos ou a vida nos mostra que
não é preciso se entregar jamais. Esse era um mantra jamais esqueci. Optei por
ser um híbrido entre o céu e a terra. Um para cada lado. Tudo se fragmentou e
agora procuramos juntar tudo novamente. A leitura é um bom começo aos esquecidos
dos tempos de rebeldia. Meus irmãos permaneceram no coração.
*Prof. Dr. Luis Antonio
Paim Gomes
Filósofo. Editor.
Escritor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
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