Pular para o conteúdo principal

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) Eu sentia uma verdadeira necessidade de escrever este livro. Quando morre alguém que se ama e admira, às vezes se tem necessidade de lhe traçar o perfil. (...) Mas é ele que se assemelha enfim a si mesmo, ao tornar-se tão dessemelhante de nós todos (...) Para mim, ele (Foucault) não deixa de ser o maior pensador atual" 

"(...) Perigoso, sim, porque há uma violência de Foucault. Ele tinha uma extrema violência controlada, dominada, tornada coragem. (...) Ele percebia o intolerável (...) É um homem de paixão, e ele dá ao termo 'paixão' um sentido muito preciso"

"Foucault sempre invoca a poeira ou o murmurio de um combate, e o próprio pensamento lhe aparece como uma máquina de guerra"
´
"É que, no momento em que alguém dá um passo fora do que já foi pensado, quando se aventura para fora do reconhecível e do tranquilizador, quando precisa inventar novos conceitos para terras desconhecidas, caem os métodos e as morais, e pensar torna-se, como diz Foucault, um 'ato arriscado', uma violência que se exerce primeiro sobre si mesmo"

"(...) Com os grandes escritores muitas vezes acontece uma aventura: são felizes por um livro, admira-se este livro, mas eles mesmos não estão satisfeitos, porque sabem o quanto ainda estão longe do que gostariam, do que procuram, e a respeito do que eles ainda só tem uma ideia obscura. É por isso que eles tem tão pouco tempo a perder em polêmicas, em objeções, em discussões" 

"(...) As formações históricas só o interessam porque assinalam de onde n~´os saímos, o que nos cerca, aquilo com o que estamos em vias de romper para encontrar novas relações que nos expressem"

O que o interesse realmente é a nossa relação atual com a loucura, nossa relação com as punições, com o poder, com a sexualidade. Não são os gregos, é nossa relação com a subjetivação, nossas maneiras de nos constituirmos como sujeito"

"Pensar é sempre experimentar, não interpretar, mas experimentar, e a experimentação é sempre o atual, o nascente, o novo, o que está em vias de se fazer"

*Gilles Deleuze in "Conversações". Editora 34". SP. 1998.  

Comentários

Visitas