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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Que importam para nós, filósofo do sonho, os desmentidos do homem que reencontra, após o sonho, os objetos e os homens ?O devaneio foi um estado real, em que pesem as ilusões denunciadas depois. E estou certo que fui eu o sonhador. Eu estava lá quando todas essas coisas lindas estavam presentes no meu devaneio (...)"

"A correlação do sonhador ao seu mundo é uma correlação forte. É esse mundo vivido pelo devaneio que remete mais diretamente ao ser do homem solitário. O homem solitário possui diretamente os mundos por ele sonhados. Para duvidar dos mundos do devaneio, seria preciso não sonhar, seria preciso sair do devaneio" 

"(...) Temos tanta necessidade das lições de uma vida que começa, de uma alma que desabrocha, de um espírito que se abre! (...)"

"(...) todos esses grandes fenômenos que enxergamos mal quando não estamos sozinhos para olhar"

"(...) Como ser objetivo diante de um livro que se ama, que se amou, que se leu em várias idades da vida ? Semelhante livro tem um passado de leitura. Quando o relemos, não sofremos na mesma página. (...) e principalmente já não esperamos com a mesma intensidade em todas as estaçõs de uma vida de leitura (...)"

"Sem dúvida, é com os devaneios da anima que o poeta consegue dar a suas ideias de animus a estrutura de um canto, a força de um canto (...) Portanto, sem devaneio de anima, como ler o que o poeta escreveu absorto num devaneio de anima ? E assim eu me justifico de só saber ler os poetas em estado de devaneio"

"(...) somos feitos para respirar livremente (...) Os poetas sempre imaginarão mais rápido que aqueles que os observam imaginar"

"Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios (...) 

"(...) A sutileza de uma novidade reanima origens, renova e redobra a alegria de maravilhar-se"

*Gaston Bachelard in "A Poética do Devaneio". Ed. Martins Fontes. SP. 2001.

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