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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"A tradição é a muralha do passado que envolve o presente e que é preciso transpor para penetrar no futuro: porque a natureza não admite pausa no conhecimento (...) Sem cessar cria homens que o excesso de suas forças arrasta, como conquistadores, das margens conhecidas da alma para as zonas novas do coração e do espírito, através do sombrio oceano do desconhecido" 

"(...) Sem esses pioneiros audaciosos, a humanidade seria a sua própria prisioneira e o seu desenvolvimento um labirinto. Sem esses anunciadores, pelos quais precede, de um certo modo, a si mesma, nenhuma geração acharia o seu caminho. Sem esses sonhadores a humanidade ignoraria o seu sentido profundo (...)"

"(...) Não são sábios pacíficos, geógrafos do país natal que renovaram o mundo, mas os 'fora da lei', que, atravessando oceanos desconhecidos, vagaram para a índia. Não são os filósofos, os psicólogos que penetraram na profundidade da alma moderna, mas os que, entre os poetas, não conhecem nenhuma medida, aqueles que nenhuma barreira detém"

"(...) A arte de Dostoiewsky não age senão sobre os seres cujos nervos são tensos como os dos seus heróis. É inacessível aos clientes dos gabinetes de leitura, aos que leem como amadores, aos que gostam de andar por caminhos já conhecidos"

"(...) Ele é realista com tal lógica que vai sempre ao limite de todas as coisas, lá onde as formas parecem misteriosamente o contrário do que são, lá onde a realidade toma uma aparência fantástica para o que esteja acostumado ao terra-terra da vida banal e medíocre"

"(...) É horrível pensar que o maior escritor russo, o gênio de sua geração, o mensageiro do infinito, tenha vagado sem recursos, sem lar, sem rumo, de país em país"

"(...) O poeta está sempre em perigo porque luta com forças que não conhecem freio. É como um para-raio solitário que recolhe toda a exalação trêmula do Infinito, e esse fogo celeste que recolhe o apresenta, envolto em música, aos habitantes da terra"

*Stefan Zweig in "Os construtores do mundo". Ed. Guanabara. RJ. 1946.   

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