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Sobre a escolha de um filósofo e o filosofar*



Toda vez que vejo alguém colocar seu filósofo favorito em um "altar" e a considerar suas ideias como parâmetros de mensuração do grau de verdade alcançado pelos demais pensadores, começo a perder o interesse nesse "canonizado".

Tomar um pensamento filosófico como uma doutrina, mata qualquer possibilidade de renovação das próprias ideias, das visões de mundo, das perspectivas sobre a realidade etc.

Todo grande filósofo que se preze soube dialogar com sua tradição e, a partir dela, reelaborou suas ideias com novas bases: as bases de seu próprio pensamento, história, experiências, princípios, crenças.

Aqueles que apenas repetiram as "doutrinas" dos filósofos foram considerados historiadores da filosofia, pesquisadores da filosofia, professores de filosofia entre outras atribuições similares.

Mas, foram considerados Filósofos justamente aqueles que não se limitaram a idolatrar as ideias dos pensadores que admiraram. Ser influenciado por um filósofo -- o que é inevitável e, talvez, até necessário -- não nos torna escravos das minúcias dos métodos que utilizaram e, muito menos, das conclusões às quais chegaram. Os pensamentos não são irretocáveis.

Pensar filosoficamente é um processo vivo e seus resultados são únicos, e a história da filosofia, com mais de dois milênios de ideias e pensadores, é minha testemunha e prova.

Abraçar "religiosamente" um filósofo talvez seja um dos atos menos filosóficos que pode existir entre os apaixonados pesquisadores da filosofia.

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo
Filósofo. Escritor. Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ

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